segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Crítica Moral de Marx ao Capitalismo

Duas características essenciais diferenciam segundo Marx, o capitalismo dos outros sistemas econômicos: (1) a separação do produtor dos meios de produção, dando origem a uma classe de proprietários e uma classe de trabalhadores; (2) a infiltração do mercado, ou do nexo monetário, em todas as relações humanas, tanto na esfera da produção quanto na esfera da distribuição. Como todos os socialistas que o antecederam, Marx deplorava as profundas disparidades de riqueza e pobreza engendradas por essa relação de classes.
No entanto, Marx não se limitou a condenar em nome de princípios éticos, as desigualdades gritantes produzidas pelo capitalismo. A seu juízo, o sistema capitalista impedia os homens de desenvolverem suas potencialidades, de se tornarem seres plenamente realizados do ponto de vista emocional e intelectual..
Para Marx a diferença essencial entre os homens e os animais residia em que para satisfazer suas necessidades, os homens criavam ferramentas e, com elas, submetiam e transformavam o meio ambiente. O homem aprimorou seus sentidos e seu intelecto através do trabalho e na relação com os objetos por ele produzidos, conheceu o sentimento de prazer e de auto-realização. O trabalho não representava apenas um meio para obter dinheiro, pois as relações sociais, embora fossem relações de exploração, possuíam também um caráter pessoal e paternalista.
. Sentiam-se alienados ou divorciados de seu trabalho, de seu meio cultural e institucional e dos próprios companheiros. As oportunidades e as condições de trabalho, assim como os objetos produzidos passaram a ser determinados por um pequeno número de capitalistas, em função das oportunidades de lucro e não das necessidades ou das aspirações humanas. Marx expôs as conseqüências da alienação num texto admirável:
trabalho é externo ao trabalhador, isto é, não pertence ao seu ser; em que em seu trabalho, o trabalhador não se afirma, mas se nega; não se sente feliz, e sim desgraçado; não desenvolve livremente sua energia física e espiritual, mas sim mortifica seu corpo e arruína seu espírito. Por isso, o trabalhador só se sente em si fora do trabalho, e no trabalho sente-se fora de si. Está em seu elemento quando não trabalha, e quando trabalha está fora de seu elemento. Seu trabalho não é, portanto, voluntário, e sim forçado, trabalho forçado. Por isso não representa a satisfação de uma necessidade, mas somente um meio para satisfazer as necessidades externas ao trabalho. Seu caráter alienado evidencia-se claramente no fato de que, tão logo deixe de existir uma coação física ou de qualquer outra natureza, ele foge do trabalho como da peste. O trabalho externo, o trabalho em que o homem se aliena é um trabalho de auto-sacrifício, de mortificação. Por fim, o trabalhador apercebe-se da exterioridade do trabalho, ao se dar conta de que não é seu mas sim de outro, de que o trabalho não lhe pertence: de que quando está no trabalho, ele não é dono de si mesmo, mas pertence a outro... Disso
resulta que o homem, (o trabalhador) só se sente livre em suas funções animais
comendo, bebendo, procriando e em tudo o que se refere à habitação e ao vestir-se; por outro lado, em suas funções humanas, sente-se um animal. O animal converte-se no humano, e o humano, no animal.
Foram estas as questões que Marx denunciou com mais veemência em sua crítica ao sistema capitalista: a completa degradação e desumanização da classe operária, a deformação do desenvolvimento da personalidade do homem e a transformação das atividades necessárias para a sua sobrevivência em mercadorias submetidas às leis hostis do mercado. Tinha a convicção de que um futuro melhor aguardava a classe trabalhadora, mas essa convicção não se apoiava na esperança de que um número crescente de pessoas viesse a partilhar de sua indignação moral e se dispor a reformar o sistema. Acreditava que o modo de produção capitalista e os conflitos de classe inerentes a ele conduziriam inevitavelmente à destruição do capitalismo. Como todos os modos de produção anteriores movidos pelas lutas de classe, o capitalismo estava condenado a se
autodestruir. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário